Riscos em portos e terminais: pandemia traz congestionamento e atrasos
Entre as exposições ao risco destacadas pela pandemia da covid-19, está o impacto que o congestionamento e os atrasos em portos e terminais têm sobre seus proprietários e operadores, bem como sobre aqueles que dependem deles. Há estimativas de que grandes atrasos nos portos em algumas regiões acontecerão no segundo semestre de 2021 e possivelmente isso deve se estender por mais tempo.
Portos e terminais sentem os efeitos da covid-19
Cientistas alertaram por anos sobre a possibilidade de uma pandemia global, mas ainda assim a covid-19 pegou o mundo de surpresa, trazendo consequências de longo prazo. Os portos e terminais marítimos estão entre os componentes da indústria que vêm passado por graves interrupções devido à pandemia. Como essas instalações são essenciais para a navegação global, que lida com mais de 80% de todos os produtos comercializados internacionalmente, o congestionamento e os atrasos têm amplos efeitos em cascata.
Em geral, os portos e terminais podem ser afetados de maneira adversa por qualquer desaceleração no comércio global. Em outras ocasiões, podem ser a causa de gargalos na cadeia de abastecimento, se, por exemplo, seu nível de serviço for reduzido.
Durante a pandemia, as cadeias de abastecimento têm sofrido interrupções sem precedentes. Em alguns casos, as mercadorias são armazenadas em portos, terminais e outros lugares, impossibilitadas de serem despachadas. Em outros, os fabricantes produzem menos bens, pois enfrentam suas próprias dificuldades. Além disso, algumas instalações são incapazes de operar de forma eficiente, devido às reduções da força de trabalho exigidas por bloqueios nacionais e regionais, ou por conta da debilitação da saúde dos colaboradores.
Todos os itens acima são más notícias para portos e terminais, onde o sucesso comercial é determinado pelo tráfego regular de navios de transporte de carga e o fluxo eficiente de mercadorias por meio das instalações em terra. Qualquer interrupção repentina do comércio de portos e terminais os expõe a riscos potencialmente imprevistos, para os quais podem estar mal preparados.
Atraso e congestionamento trazem considerações de seguro
As preocupações com seguros, incluindo limitações de cobertura, entram rapidamente no centro das atenções. O volume e o valor dos produtos armazenados sob os cuidados, custódia e controle de um terminal podem aumentar exponencialmente. O monitoramento cuidadoso da apólice de seguro - seja com base na localização, valor ou volume - deve ser realizado regularmente para garantir que os limites dos valores agregados não sejam excedidos.
O seguro de Lucro Cessantes (LC), por muitos anos tem sido um recurso padrão de muitos programas de seguros de portos e terminais. No entanto, a gravidade e a duração da interrupção que muitos portos e terminais sofreram nos últimos meses expuseram as limitações de compensação sob a cobertura de LC.
Questões relacionadas à cobertura de LC durante a pandemia foram sentidas muito além da indústria marítima. No Reino Unido, por exemplo, a Financial Conduct Authority (FCA) moveu uma ação legal contra as seguradoras em relação ao seguro de LC. O veredicto foi em grande parte a favor do segurado, o que fez com que muitas seguradoras passassem a impor exclusões mais claras e proibitivas nas redações, em relação a doenças transmissíveis.
Portos e Terminais têm mais do que a exposição de LC a considerar. Por exemplo, precisa ser encontrado espaço nos portos para o armazenamento das mercadorias que não conseguem seguir viagem, que foram impossibilitadas de serem carregadas nos navios. Isso cria problemas, pois o congestionamento e os atrasos podem se arrastar.
A falta de depósitos adequados pode, por sua vez, fazer com que as mercadorias sejam mantidas ao ar livre, expostas às intempéries. Em outros casos, elas podem ser armazenadas em depósitos inadequados e inseguros, sujeitas a danos, deterioração e furto. Tais problemas de armazenamento acompanham o potencial de reclamações dos proprietários das mercadorias, caso elas sejam perdidas, danificadas ou roubadas enquanto estiverem sob os cuidados, custódia ou controle do porto ou terminal.
Outras responsabilidades potenciais para portos e terminais podem surgir do não fornecimento de serviços acordados contratualmente. Com uma força de trabalho reduzida por consequência da pandemia, muitos portos e terminais têm lutado para manter o nível de seus serviços. Mas não há uma solução rápida para o problema, como vários portos importantes na costa oeste da América do Norte estão percebendo. Há estimativas de que grandes atrasos nos portos para navios naquela região ocorrerão no verão de 2021, possivelmente se estendendo para além desse período.
Em um efeito cascata, as responsabilidades contratuais podem chegar aos proprietários de mercadorias que são mantidas por períodos excessivos de tempo no porto. Os operadores de navios e caminhões também estão sujeitos a enfrentar problemas de responsabilidade se não puderem entrar nos portos em tempo hábil para descarregar e carregar mercadorias. Muitas partes podem sofrer perdas de receita causadas por tais atrasos.
Quatro lições para portos e terminais
Portos e terminais podem aprender muitas lições com a pandemia, incluindo:
- Estabelecer relações com instalações locais e alternativas com a finalidade de armazenar o excedente. Contingencialmente, tais instalações podem ser utilizadas para armazenar de forma segura mercadorias que não podem ser despachadas como esperado e quando a capacidade de armazenamento do próprio porto é limitada.
- Avaliar cuidadosamente os contratos que impõem padrões de desempenho em um porto ou terminal . Quando tais requisitos forem acordados, trabalhar para garantir que penalidades punitivas excessivas por falha no desempenho sejam evitadas quando ocorrerem eventos importantes.
- Garantir a existência de sistemas de saúde eficazes para a força de trabalho dos portos e terminais. Isso pode ajudar a manter o nível de trabalhadores disponíveis durante um evento catastrófico, como uma pandemia. Pode ser necessário um seguro de saúde mais eficaz e de longo prazo para os trabalhadores.
- Revisar regularmente a cobertura de seguro. O seguro não pode impedir as pandemias, mas pode ser uma ferramenta útil para mitigar algumas das consequências financeiras. É importante que os operadores de portos e terminais, e aqueles que usam suas instalações, avaliem regularmente seus contratos de seguro - e os atualizem quando necessário - para entender como eles responderão em uma ampla variedade de circunstâncias possíveis. As seguradoras também têm a função de usar uma linguagem clara em seus contratos, que não seja desnecessariamente exclusiva ou confusa.
Se você tiver dúvidas sobre o impacto em seus negócios de congestionamentos e atrasos em portos e terminais, ou outras questões marítimas, entre em contato com seu consultor de Specialty da Marsh.