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Risk in Context

COVID-19 é origem de nova crise económica. Comecemos a superá-la!

Publicado por Carlos Figueiredo

Como reação a uma contração fortíssima da economia nacional a partir de 2008, muitas empresas encontraram na internacionalização o caminho para a sobrevivência, e muitos profissionais abraçaram projetos fora do país, levando conhecimento e vivendo novas experiências. Empresas e profissionais adaptaram-se para sobreviver.

Sabemos hoje, que muitas destas empresas foram responsáveis pelo crescimento de cerca de 1,2 vezes das exportações de bens nos últimos 20 anos e de 2,5 vezes das exportações de serviços. No topo da lista dos sectores que mais contribuíram para este crescimento, encontramos as exportações de produtos agroalimentares, químicos, borracha e metalurgia e, nos serviços, comunicações, transportes, distribuição e construção. Outras empresas atreveram-se mais e superaram com êxito a sua internacionalização e são hoje referência. Ainda assim, há que manter nas nossas memórias que nem tudo foram êxitos. Muitas empresas ficaram pelo caminho, outras sofreram fortes impactos adversos e prejuízos em várias geografias. Alterações da economia global, e do panorama geopolítico, colocaram algumas destas organizações em situações de grande fragilidade face à exposição que tinham a tais geografias.

Descobrimos da pior forma que, à velocidade com que nos movimentamos, o mundo é mesmo pequeno e que a economia global pode ser fortemente impactada por fenómenos que não terão a sua origem habitual na geopolítica. Neste caso, a globalização e a interdependência das economias serão o risco. Desde o anúncio do surto, ao reconhecimento da pandemia do COVID-19 pela OMS, as medidas de contenção afetaram as economias mais robustas e ativas, primeiro na China, depois na Europa e toda a América do Norte. O que podem esperar Portugal e as empresas portuguesas? Seja por adoção ou imposição de medidas de contingência direta, seja porque as cadeias de fornecimento estão bloqueadas, muitas empresas têm ou vão ter as atividades paradas ou reduzidas, o que afeta, não só a rentabilidade, mas os próprios custos fixos, que terão de continuar a ser satisfeitos. Como é que as organizações se vão financiar e superar esta fase? Qual o impacto no risco de crédito a curto prazo?

À situação das economias consideradas mais desenvolvidas, podemos acrescentar riscos que normalmente consideramos de carácter político, que poderão ter consequências muito fortes e imprevisíveis. As empresas, com presença internacional, deverão avaliar alguns aspetos críticos da sua exposição, destacando: alteração de regime político, nacionalizações, suspensão de contratos, convulsão civil e estado de sítio, dificuldades acrescidas de convertibilidade de divisa, impossibilidade de acesso (seja de pessoas ou fornecedores críticos), colapso dos serviços de saúde, etc.

Entretanto, na passada quarta-feira, foi decretado Estado de Emergência Nacional pelo período de 15 dias, podendo ser renovado. O Governo tem poderes para atuar sobre a nossa vida pessoal e a vida das empresas, podendo requisitar bens/imóveis para fazer face à contenção e tratamento do COVID-19. Não questionando a necessidade da decisão, estaremos perante uma situação de risco político? Quais as consequências económicas para uma empresa que deixe de poder utilizar uma propriedade, mesmo que durante um curto período?

Quando pensamos na exposição internacional das nossas organizações, temos de ter presente que este tipo de situações, justificadas ou não, poderão repetir-se em diversas ocasiões e formas. A mitigação destes riscos políticos será mais efetiva através da redução da exposição a todos os níveis. Nesta fase, será claramente a melhor solução. Da mesma forma, a retoma e a transposição destes obstáculos terão tanta mais eficácia, e serão mais efetivas, quanto mais cedo as empresas se puderem concentrar na implementação de planos de recuperação do negócio.

Como antes, saberemos superar esta adversidade, antecipando, adaptando e acreditando que vale a pena seguir em frente. Veja-se o exemplo da China que, após um surto de proporções inimagináveis, já está a recuperar a normalidade.

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