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Risk in Context

Combate à crise do coronavírus: Está seguro?

Publicado por António Morna

Quando as pessoas formalizaram os seus desejos para 2020 no final do ano passado, estavam longe de imaginar o que lhes iria suceder nos meses seguintes. O surto do novo coronavírus era uma notícia que afetava uma região longínqua na China, e ninguém conseguiu prever o impacto que a sua disseminação iria ter no resto do mundo.

Segundo o boletim de março do Banco de Portugal, o nosso país irá enfrentar uma recessão durante este ano com duas previsões distintas – uma de base e outra com um cenário mais adverso. Em ambos os casos, a recessão será profunda com uma deterioração de vários indicadores e com destaque para a taxa de desemprego que se situará acima dos 10%. Perante estas nuvens de incerteza, também agravadas pelo impacto que esta crise está a ter no comércio global, e pelo possível agravamento das tensões comerciais e das políticas protecionistas, que países como os Estados Unidos têm vindo a impor, será necessária uma colaboração forte e concertada dos diversos sectores da nossa economia.

No que respeita aos seguros, pelo papel estratégico que desempenham na nossa sociedade, este sector poderá também dar um contributo muito importante no apoio ao combate à crise que se avizinha.

Importa primeiro destacar a capacidade que os seguradores tiveram para responder, de uma forma coerente e estudada, em dois fatores de resposta imediata: na flexibilização dos seus seguros de acidentes de trabalho para incluir a cobertura dos colaboradores das empresas que passam a trabalhar a partir de casa, e também no contributo, através dos seguros de saúde, na comparticipação dos testes de COVID-19, feitos fora do SNS, sem custo para os seus clientes.

Perante este tsunami que nos atingiu nas últimas semanas, pese embora as iniciativas do Governo para tentar garantir um equilíbrio entre a defesa da saúde pública no controlo e mitigação do contágio do COVID-19, e a capacidade de resposta da nossa economia, deparamo-nos com uma acentuada redução da atividade económica. Esta conduzirá, necessariamente, a uma alteração do risco que os seguradores estão a segurar, e pelos quais os prémios de seguro são calculados.

Se, por um lado, o impacto da perda de receitas não estará, à partida, coberto pelas apólices de seguro geralmente contratadas, por outro, e atendendo às fortes necessidades de cash-flow que as empresas vão necessitar cada vez mais nos próximos tempos, os seguradores deverão refletir sobre a implementação de certas medidas que permitam, junto dos sectores mais afetados, uma adaptação dos seguros contratados, de forma a refletir esta nova realidade da nossa economia, que mudou radicalmente desde que foi decretado estado de emergência nacional.

Restrições à circulação de mercadorias e passageiros, encerramento temporário de fábricas e estabelecimentos comerciais, situações de layoff, são fatores que estão a alterar profundamente o risco das empresas. Face a esta alteração da conjuntura empresarial, os seguradores poderão rever os prémios de seguro, bem como adaptar as apólices ao nível das suas coberturas (pelo menos temporariamente) de maneira a reajustar o risco anteriormente assumido com premissas muito distintas, mas também, e talvez o ponto mais importante, aliviar de alguma forma os custos suportados pelas empresas, numa altura em que as necessidades de tesouraria estão sob forte pressão.

A atividade seguradora em Portugal sempre respondeu de uma forma positiva em momentos de crise, basta recordarmos os incêndios que assolaram o nosso país em 2017, a tempestade Leslie em 2018 e acreditamos seguramente que, mais uma vez, terão uma intervenção positiva numa altura em que o nosso país tanto necessita.

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