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Risk in Context

COVID-19: A liderança tem de ser diferente?

No momento que vivemos, é bastante consensual que a liderança é ainda mais importante do que numa situação normal. Todas as empresas estão a ser impactadas, seja pela redução do seu volume de negócios, alteração da forma de trabalhar (nomeadamente, trabalho remoto), suspensão de atividades ou até pela aceleração da procura (ex.: sector agroalimentar).

No entanto, é agora que todas as empresas precisam que os seus líderes mostrem o seu valor, de forma a serem eficazes na forma como reagem aos impactos do COVID-19.

Quando pensava neste tema antes de começar a escrever o artigo, lembrei-me que existem literalmente milhares de teorias sobre Liderança e Gestão de Empresas. “Location, Location, Location” para o turismo ou o “Total Quality Management” para a indústria automóvel, entre muitas outras que afetam a forma como se deve gerir uma empresa. Há uma, no entanto, que considero aplicável a toda e qualquer empresa e sector – “People, People, People!”, ainda mais na situação em que vivemos.

As pessoas são sempre a base, sendo fundamental um foco permanente na sua gestão, tanto individual, como em equipa. É certo que temos de ter alguns princípios fundamentais que orientam a forma como lideramos: o respeito, a confiança, a meritocracia, o empowerment, a resiliência, etc. Todos estes princípios são a base da relação com as pessoas, mas temos de nos concentrar muito na forma. A execução da liderança é crítica.

Liderar pelo exemplo é uma das formas, não a única, mas aquela em que é mais clara a importância do Como, sobre o Quê.

Em cada momento da vida empresarial, as prioridades vão-se alterando consoante a necessidade, cada vez mais constante, de mudança. As organizações hoje necessitam, permanentemente, de mudança e adaptação ao ambiente onde estão integradas. Existem desafios muito grandes de integração de novas tecnologias na forma como trabalhamos e, por consequência, nas competências das equipas. A velocidade do mundo atual não deixa margem para o estático. Senão, veja-se a rapidez com que tivemos de nos adaptar a esta repentina crise global.

No caso da Marsh, onde tenho a honra de liderar uma extraordinária equipa de profissionais, passámos, de um dia para o outro, a ter 100% das pessoas em trabalho remoto. E, quer acreditem ou não, não só funcionou, como está a funcionar! Pensar que é tudo igual, seria viver na utopia. Foi crítico uma adaptação imediata de todos os líderes da empresa, como de todos os colaboradores – ninguém fica indiferente.

E isto leva-nos ao tema liderar em remoto. Nem todas as organizações estão a viver este desafio, mas, claramente, um grande número de empresas tem todas (ou quase) as pessoas a trabalhar a partir de casa. Podemos ser o mesmo líder nesta situação? A mesma pessoa, claramente. Mas temos de adaptar a forma como nos relacionamos e temos de acelerar a comunicação interna, seja individual, seja da equipa no seu conjunto, já para não falar da comunicação externa. Se numa situação normal pensamos em dar (ou receber) feedback em períodos específicos, com maior ou menor recorrência, dependendo do tipo de líder que somos e também do tipo de organização em que vivemos, em situações atípicas, o nosso comportamento deverá, também ele, adaptar-se.

Neste momento, esse aspeto é absolutamente central no papel de um líder. Ao estarem isolados e sem o exemplo presencial do seu líder mais direto ou até mesmo o da empresa, muitos poderão ficar desorientados, sentir uma enorme pressão para manter o negócio vivo, tendo dificuldade em gerir a agenda, ou simplesmente sentirem-se sozinhos. Além disto, a fronteira entre o trabalho e a vida pessoal/familiar torna-se mais ténue. Os líderes têm que ajudar a encontrar esse equilíbrio e, mais uma vez, dar o exemplo.

É fundamental estar presente, recorrendo aos meios tecnológicos que hoje temos ao nosso alcance. Quando voltarmos à normalidade, no nosso escritório, vamos encontrar pessoas nos corredores, no coffee point ou em reuniões onde não estávamos à espera. Agora isso não acontece. A liderança passou a ter uma componente de processo muito mais presente. É fundamental uma atitude sistemática, coerente e com boa planificação, aumentando, como dizia antes, o tempo que dedicamos às relações internas.

Também é verdade que muitas organizações continuam a trabalhar normalmente e até com maior intensidade. Nesse caso, tenho visto vários casos de liderança pelo exemplo, mantendo presença na empresa. É de louvar e reconhecer um mérito enorme. Mais uma vez, é a pensar nas pessoas que estes líderes tomam essa decisão.

No fim desta crise, que existirá - não tenhamos dúvida disso -, nenhuma equipa vai ficar igual. Todas vão mudar e veremos quais as equipas e empresas que dela saem reforçadas, podendo reter e atrair com mais facilidade. Mesmo que o cumprimento do plano de negócios anual possa, eventualmente, vir a estar comprometido, não tenho dúvida que haverá muitas empresas, cuja liderança foi capaz de manter e reforçar o espírito de equipa nesta fase e que estarão melhor preparadas para enfrentar os desafios futuros.

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